Porque de circuncidar todo homem? Qual a função da circuncisão estabelecida em Gênesis 17?
Deus estabeleceu a circuncisão de todos os meninos ao oitavo dia de vida como sinal da Sua aliança com Abraão e sua descendência (Gn. 17:9-14). Assim, todo aquele que “pertencia” à aliança deveria ser circuncidado.
A Bíblia de Estudo Pentecostal, comentando o versículo 11 do capítulo 17 de Gênesis, diz: “A circuncisão seria um sinal e selo do concerto que Deus fez com Abraão e seus descendentes. (1) Era um sinal ou marca que denotava terem aceito o concerto com Deus e de terem o próprio Deus como Senhor deles. (2) Era um sinal da justiça que tinham mediante a fé (15:6; Rm 4:11). (3) Era um meio de fazer o povo lembrar-se das promessas que Deus lhes dera, e das suas próprias obrigações pessoais ante o concerto (v. 14)". De outra parte, a Teologia Católica da Aliança de Deus com os judeus já nos brindou com pérolas como a seguinte: “A circuncisão é um rito, sem dúvida, tomado do ambiente ao qual se dá um novo sentido, o da vinculação à comunidade abençoada de Abraão. E a razão da escolha desse estranho rito deve ser buscada, sem dúvida, na promessa da bênção à descendência, e por isso santifica e consagra o órgão da transmissão da vida...”
De qualquer forma, não é difícil inferir o alto nível de seriedade e compromisso de um homem dispostos a circuncidar-se como sinal de sua aliança com seu Deus (basta lembrar que, naquela época, não se contava com os modernos anestésicos e analgésicos que dispomos hoje). Neste contexto, a circuncisão era a expressão do mais genuíno arrependimento espiritual (leia-se: disposição para mudar o estilo de vida) e submissão a Deus.
Neste sentido, os livros de Deuteronômio (10:16 e 30:6) e Jeremias (4:4) falam em “circuncidar o coração” como forma de expressão definitiva desta aliança.
No entanto, este entendimento não parece justificar satisfatoriamente a circuncisão de recém-nascidos, que não teriam condições de discernir a seriedade e o compromisso da aliança com Deus, “circuncidando seus corações”. Neste ponto, prevaleceu pacificamente entre os judeus que a circuncisão era também o ato através do qual o pai oferecia seu filho ao concerto com Deus, incluindo-o na aliança (um entendimento semelhante justifica o batismo de recém-nascidos nos dias de hoje). Extrapolando esta mesma corrente teológica, alguns da Igreja em Antioquia defendiam a idéia de que a circuncisão era necessária para ser salvo (At. 15. A questão foi então debatida e a obrigatoriedade da circuncisão como pré-requisito da salvação, descartada. Curiosamente, vê-se que não há nada de novo debaixo do sol...).
Ainda que eu entenda e concorde moderadamente com o ponto de vista teológico que fala do simbolismo do Concerto de Deus com os judeus, gostaria de sugerir mais um argumento (não excluindo o anterior; antes, complementando-o) que acrescenta ainda mais beleza ao relato bíblico da instituição da circuncisão, demonstrando a riqueza de detalhes e o Amor de Deus em seus cuidados para com Seu povo:
Sabemos que o plano de Deus para a Redenção do Homem foi concebido desde a eternidade, e que o nascimento do Filho do Homem já era algo que pulsava no coração de Deus quando fez sua aliança com Abraão. O Pai falava de Jesus quando disse a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”. Mas, para dar prosseguimento ao plano da redenção do gênero humano, a Deus não aprouve que seu Filho nascesse em um mundo naquelas condições, onde fervilhavam as múltiplas erupções de deuses e divindades – que se reproduziam como coelhos e que, sem dúvida, dificultariam cada vez mais o anúncio da chegada do “Reino de Deus” (um Deus único e verdadeiro) que Jesus traria. Assim, a noção básica da existência de um só Deus Criador era essencial para o cenário da vinda do Filho do Homem.
Por esta razão, Deus separou Abraão – um morador da Babilônia primitiva que, por haver sido escolhido por Deus, havia “descoberto” o Pai – para dar origem a um povo que não se contaminasse pelas centenas de deuses que enchiam as nações daquela região e que servisse de “berço” para o nascimento do Salvador. Assim, para formar uma comunidade religiosamente incontaminada, saudável e geneticamente viável, era importante impor a eles medidas básicas de salubridade – como de fato o fez exaustivamente no livro de Levítico.
Neste panorama, em uma época onde os ritos de higiene pessoal e de profilaxia eram, de tão precários, quase inexistentes, a circuncisão teve um valioso papel na viabilização do surgimento do povo eleito. Vejamos:
De acordo com urologistas, a principal doença que um homem afetado pela fimose pode contrair é a “balanite”, uma infecção na superfície mucosa da glande, que freqüentemente acompanha um inchaço da mucosa do prepúcio, causando o quadro da “balanopostite”. Esse processo inflamatório de ambas partes é causado por germens comuns. Logicamente, afirmam os médicos, como a fimose não permite uma higienização adequada, favorece muito esse tipo de infecção, provocando, além disso, o estancamento de secreções irritantes e dos próprios germens. Na fase aguda da doença, o paciente sofre tumefação da glande e do prepúcio, que naturalmente agrava a fimose, causando vermelhidão, erosões mais ou menos extensas da mucosa, dor aguda ao tato e eventuais transtornos na micção. Nas fases crônicas, esses sintomas aparecem atenuados e a evolução, geralmente, pode levar à esclerose do prepúcio. O paciente que tem “balanite” crônica – e isto é de grande importância – determina, estatisticamente, uma maior incidência de câncer no órgão genital masculino. Essa doença, e mais ainda a “balanopostite”, pode ser considerada um processo de influência positiva e direta no surgimento do câncer de dito órgão. Certamente, a “balanopostite” pode ser transmitida durante o ato sexual, com a conseqüente contaminação da vagina. Por esse motivo, os urologistas aconselham a abstenção sexual durante a evolução clínica do referido quadro inflamatório – ademais, essa circunstância ainda dificulta as relações sexuais, pela dor e pelo desconforto causados no pênis.
A circuncisão – e já começamos a notar algumas vantagens práticas da aliança de Deus com os judeus – evita em um alto percentual a aparição da “balanopostite” aguda e, mais ainda, das formas crônicas. Ao perguntar aos especialistas sobre as estatísticas, a nível mundial, sobre essas doenças em homens não circuncidados, eles responderam: “A ‘balanopostite’ é muito mais freqüente no varão não circuncidado. Neste sentido as estatísticas são tão numerosas quanto conclusivas. Uma pesquisa realizada no Mount Sinai Hospital de Nova York com pacientes de raça judia revelou apenas um câncer no órgão genital, e o paciente não era circuncidado.”
Em geral, as doenças venéreas contraídas pela ascensão dos germens através da uretra durante o ato sexual encontram uma circunstância favorável nos homens com fimose ou não circuncidados, precisamente pela possibilidade da instalação dos germens e da dificuldade de uma higiene adequada. Perguntei aos médicos como a circuncisão poderia afetar um povo inteiro, como no caso dos judeus há 3.200 anos. A resposta não deixou de surpreender-me. Explicaram-me que desde o prisma genético, e de forma direta, o fato da circuncisão não demonstrou nenhuma influência sobre a descendência. Mas a possibilidade de um aumento das doenças venéreas – sobretudo as que se contraem pela possível ascensão dos germens pelo canal geniturinário – pode provocar esterilidade no homem e na mulher. Nessas considerações, disseram os especialistas, não entra a sífilis, cuja existência naquela época não está provada, mas podemos incluir a gonococia em primeiro lugar e a linfogranulomatose venérea e a úlcera de Ducrey.
Conseqüentemente, uma raça circuncidada melhoraria – e muito – seu índice de natalidade. E é exatamente este efeito que vemos atestado em Êxodo 1:7 ("Mas os filhos de Israel foram fecundos, e aumentaram muito, e se multiplicaram, e grandemente se fortaleceram, de maneira que a terra se encheu deles"), o que provocou a preocupação dos egípcios e motivou-os a escravizar os judeus.
Contando com uma incidência de doenças venéreas e demais desconfortos muito menor, os judeus certamente gozavam de uma vida sexual muito mais ativa do que a média dos povos não-circuncidados. Em resumo: ao instituir sua aliança com Abraão, o Pai determinou como sinal um procedimento que não apenas atestava a perpetuidade e a seriedade de coração do compromisso daquele homem com Deus, mas que também favorecesse o propósito de criar um povo saudável e fecundo, aptos a se tornar em uma grande nação – já visando o próprio cumprimento da promessa feita a esse mesmo Abraão. É lindo observar o cuidado do Pai ao orquestrar o cumprimento de suas promessas em nossas vidas.
É também um testemunho de que, quando o Pai nos pede algo – ainda que não entendamos o porquê de se pedir algo por vezes “estranho” – podemos crer que Deus sempre tem em mente o cumprimento de suas promessas, e que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, e que foram chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Mesmo as coisas que não entendemos.
Qual é a função da circuncisão?
Postado por Danilo Ferro Oliveira on terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Marcadores: Circuncisão
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7 comentários:
Bom Demais o artigo! Com certeza, Deus é Lindo! Parabens!
Outra coisa, certamente a circuncisão evita a masturbação o que é respaldado pelo fato da bíblia dizer que não seja estimulada a sensualidade.
explendido,como tudo q DELE vem!!!
eu não vou copiar tudo isso
eu não vou copiar tudo isso
A humanidade precisa amadurecer sua mentalidade. Se nada é impossível para Deus, por que, então, a necessidade de firmar convênios através do arco-íris e da circuncisão? Bastaria ordenar que nenhum mal físico ou espiritual afetasse Suas criaturas.
Deus é Perfeito e indiscutivelmente, insondável, se entre duas pessoas (seres imperfeitos), ao firmarem um acordo, há o "aperto de maos", que simboliza uma aliança de comum acordo, ora, Deus, sendo perfeito, realiza alianças e estabelece seus sinais para que todos lembrem.
O arco e a circuncisão, são elementos que remetem a " estatuto de aliança parã que os envolvidos se lembrem"
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